Ementa: Aprendizado de alguns conceitos fundamentais da Análise de Redes Sociais em geral (aspectos teóricos e metodológicos elementares); Diferenciação de 2 tipos de modelos fundamentais (redes sociocentradas e egocentradas); Desenvolvimento teórico e prático do modelo da Análise de Redes Pessoais (derivado da integração dos 2 tipos citados); Passo-a-passo da elaboração de um estudo com redes pessoais (escolha e instalação de softwares; elaboração de questionário relacional; coleta e entrada de dados utilizando o software; gerenciamento de dados, análise exploratória e descritiva de resultados; visualização; inferências); possibilidades de pesquisa qualitativa e quantitativa com redes pessoais.
* Nesta oficina utilizaremos o software Egonet para coleta, elaboração e análise de dados relacionais de redes pessoais. Este software foi pioneiro na preparação do instrumento de pesquisa e coleta de dados típicos de interações pessoais, e posteriormente, a partir da base informacional do Egonet, desenvolvedores de software criaram uma “atualização” chamada EgoWeb 2.0, com os mesmos parâmetros e funcionalidades acrescidos da possibilidade de criar e utilizar os instrumentos de coleta e análise online em um servidor Web php. Sendo software livres as vantagens de utilização são muito grandes, além de ser um programa intuitivo e pedagógico para a compreensão e treinamento nos modelos de Análise de Redes Sociais em geral. Nesta oficina utilizaremos os dois softwares de acordo com a demanda e oportunidades ao longo das aulas.
Objetivo: A chamada Análise de Redes Sociais se tornou, de fato, um campo de pesquisa interdisciplinar e podemos dizer multimodal. Além de compartilhar diferentes subcampos teórico-conceituais, também compartilha atualmente diversos métodos de produção e análises de dados, envolvendo um conjunto variadíssimo de técnicas de pesquisas sociais, ciências de dados e do campo das tecnologias de informação. Assim, hoje é difícil definir estritamente a ARS como teoria, método, uso de técnicas quantitativas ou qualitativas, visto que o campo permite a integração de todos esses aspectos em modelos criativos, inovadores e muito ricos em possibilidades para a produção de conhecimento científico.
A Análise de Redes Pessoais se constitui como um modelo de pesquisa social de tipo relacional, que permite a formalização rigorosa dos processos de interação social, ao mesmo tempo que possibilita a imaginação sociológica trabalhar analítica e interpretativamente as dimensões macro e micro sociais nas quais indivíduos e grupos (e respectivos atributos, em qualidade e quantidade) se apresentam e desenvolvem interativamente. Em geral, reconhecemos as análises de redes quando o foco analítico se dá sobre as relações sociais entre sujeitos (e eventualmente, objetos). As técnicas de elaboração dos chamados dados relacionais podem envolver estratégias e instrumentos diversos no campo das pesquisas sociais (alguns mais formais, padronizáveis, quantificáveis, e outros mais interpretativos, contextuais e profundidade).
As técnicas em torno da investigação das redes pessoais envolvem uma espécie de “híbrido” entre dois tipos de modelos tradicionais da ARS, uma combinação entre os modelos sociométricos convencionais (redes sociocentradas/totais) e modelos egocentrados de indivíduos e seu contexto relacional imediato. As vantagens desse meio termo do modelo alternativo de redes pessoais é compor os pontos fortes de cada modelo convencional e, com isso, adquirir maior compreensão da “amplitude” dos contatos sociais ao mesmo tempo em que permite manutenção do rigor formal e, eventualmente, possibilidades de síntese e generalização. Finalmente, o modelo de redes pessoais permite grande flexibilidade de aplicação e combinação analítica, fazendo com que as análises mais qualitativas possam interagir formalmente com análises mais quantitativas.
A gama de aplicações da Análise de Redes Pessoais cobre principalmente estudos sistemáticos, exploratórios e inferenciais das áreas de saúde pública (epidemiologia, psicologia e serviço social), educação, sociologia política e antropologia cultural.
Pré-requisitos: Não há pré-requisitos.
Método de Ensino: aula expositivas e práticas
Avaliação: Trabalho no final
Software: 1. EGONET (http://sourceforge.net/projects/egonet )
2. EGOWEB (https://www.qualintitative.com/wiki/doku.php/egoweb_2.0_home)
Aula 1
A concepção heurística de um modelo relacional de redes sociais;
Parâmetros de uma pesquisa com redes pessoais: seleção de uma população para estudo e amostragem
Aula 2
A produção de dados relacionais: elaboração de roteiro/questionário (o método “gerador de nomes” e “interpretador de contatos”), técnicas de coleta (atributos de ego e alters, dados relacionais de alters), armazenamento, gerenciamento e análise de resultados – uso dos softwares Egonet e EgoWeb 2.0.
Entendimento dos tipos de variáveis relacionais (estruturais e de composição), criando e combinando variáveis para possibilidades de análise
Aula 3
Estratégias de visualização e análise exploratória de sociogramas com interface digital (uso do EgoWeb 2.0 e as possibilidades de exploração das redes de contato online)
Detecção e Análise de Comunidades/Grupos (compactação) dentro das redes pessoais e inferência de comunidades externas – densidade, medidas de coesão e família de indicadores de centralidade
Aula 4
Análise de Fragmentação e níveis das redes pessoais – métricas de fragmentação das redes (componentes, análise de clusterização, transitividade)
Modelos simples inferenciais: combinando dados qualitativos e quantitativos (turbinando a capacidade de interpretação)
Aula 5
Questões éticas na pesquisa com redes pessoais e o contexto das plataformas digitais (mídias sociais)